Os tratores autónomos podem revolucionar a agricultura e oferecer um enorme potencial a toda a indústria. Estas máquinas, que podem preparar sementeiras, semear e aplicar fertilizantes e pesticidas sem a presença de um operador, respondem ao desafio da escassez de mão de obra, nomeadamente a falta de operadores qualificados e especializados, um problema de grande importância dada a tendência progressiva das gerações mais jovens abandonarem o trabalho agrícola especializado. Durante anos, foi dito aos agricultores europeus que a tecnologia autónoma estava a caminho e que os veículos autónomos estariam em breve no mercado. Agora, essa visão parece estar a aproximar-se da realidade, pelo menos em grandes áreas agrícolas. A possibilidade de os tratores autónomos circularem nas estradas públicas ainda está longe de se concretizar, uma vez que não existe um enquadramento regulamentar completo. No entanto, ao mesmo tempo, poderosos tratores autónomos de 14 toneladas já trabalham dia e noite sem um condutor na cabina ou sequer por perto em algumas partes da América do Norte, marcando o início da era da agricultura mecanizada autónoma.
Nos últimos dez anos, a tão falada estreia dos veículos industriais autónomos, como os camiões autónomos, foi repetidamente adiada devido a preocupações com a segurança de outros veículos e peões. No entanto, para os tratores agrícolas, a situação é ligeiramente diferente. Trabalham em ambientes controlados, onde o risco de interação com outros veículos ou peões é mínimo. Os tratores autónomos dependem de fluxos de dados contínuos de GPS, satélites, sensores e radares. Ao contrário dos automóveis, não correm o risco de perder os sinais de controlo em túneis ou zonas urbanas. Nos campos, especialmente nos de grandes dimensões, não existe o risco de o trator encontrar passagens para peões ou obstáculos que possam causar alterações súbitas na trajetória. Além disso, estamos a falar de veículos que operam a baixas velocidades, não excedendo os 20 km/h. Muitos tratores modernos já estão equipados com navegação por GPS que gerem a direção e a viragem, assegurando a otimização do trabalho de lavoura, sementeira e colheita. Também utilizam fluxos de dados em tempo real para se adaptarem às condições do solo, à quantidade de fertilizante aplicada ou a outros fatores. Um trator com condução autónoma permite que os agricultores liguem uma alfaia, iniciem o ciclo de funcionamento com um toque no smartphone e o deixem trabalhar no campo em total autonomia.
Em países como a França e a Alemanha, bem como nas extensas terras agrícolas da América do Norte, os agricultores cultivam frequentemente campos que se estendem por grandes distâncias. Enquanto o trator autónomo trabalha num campo, o agricultor pode concentrar-se noutro, ou talvez em tarefas completamente diferentes, tornando o trabalho no campo menos monótono. A evolução para tratores cada vez mais sofisticados responde à necessidade de maior precisão e de um timing mais exato em tarefas como a sementeira, a fertilização e a colheita. A tecnologia também responde aos desafios das condições imprevisíveis dos campos, como as breves janelas de oportunidade que surgem após chuvas intensas. A nova tecnologia pode ajudar os agricultores a concluir o seu trabalho quando as temperaturas do solo e do ar estiverem adequadas, por exemplo, antes de uma tempestade, possibilitando um planeamento mais eficiente das ações e resultando numa produção mais bem-sucedida com um aumento do rendimento das culturas.
Uma das questões mais debatidas é a responsabilidade legal. Ao contrário dos robots industriais, que operam em ambientes controlados, as máquinas agrícolas continuam a ter de trabalhar em ambientes onde a presença de humanos ou animais não pode ser absolutamente excluída. Embora os acidentes com tratores e equipamentos tradicionais sejam um risco conhecido, existe a perceção de que os incidentes com máquinas autónomas podem dever-se à ausência de um operador humano que possa intervir em caso de emergência. Se os equipamentos autônomos se tornarem comercialmente disponíveis, as companhias de seguros poderão exigir a presença de um condutor humano no local que possa parar a máquina em caso de avaria. Este requisito poderia comprometer a principal vantagem dos tratores autónomos: a sua capacidade de trabalhar de forma autónoma 24 horas por dia. A questão da responsabilidade está ligada à aceitação da tecnologia pelos políticos e pelo público. Como acontece com qualquer inovação, é comum haver resistência, especialmente quando implica grandes mudanças nos hábitos estabelecidos ou parece representar riscos para a segurança física.
Com o tempo, provavelmente sim, mas só depois de serem implementadas certas medidas de segurança. Estas medidas podem incluir a exigência de um operador para controlar a atividade da máquina ou a introdução de barreiras físicas, como cercas à volta dos campos onde os tratores autónomos operam, de modo a impedir a presença de pessoas não autorizadas na área. Os avanços na tecnologia de segurança já estão a ser desenvolvidos. Os investigadores estão a estudar sensores e controlos avançados que permitiriam ao veículo lidar autonomamente com bloqueios e avarias. No entanto, não é realista esperar que exista um sensor para todos os problemas possíveis, num futuro próximo, será provavelmente necessária uma presença humana regular no terreno. A evolução dos tratores autónomos representa um desafio fascinante para o mundo agrícola. É uma viagem repleta de oportunidades, mas também de perguntas ainda sem resposta. Para saber mais sobre estas questões e ficar a par das últimas notícias, fique atento ao nosso blog!